domingo, 18 de maio de 2014

Luta injusta

Em uma centelha de desespero
Pedi aos deuses não mais sentir tua falta
Receei encarar os meus anseios
E me render aos reveses
E por muitas vezes
Colecionando sucessivos fracassos,
Abdiquei de batalhar sem armas
Pois que a briga mais injusta da vida
É essa com a saudade,
Não importa quanto se lute
Certamente se sairá perdedor.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Felicidade

A felicidade é como o mar:
Aos poucos vem de encontro a mim
Aos meus pés,
No dia certo pode me deixar em paz
Ou até mesmo me deixar levar...
E a poesia por ter o sono leve
A qualquer hora pode despertar-se
Para lembrar-se do dia em que fui mais feliz
E que você me deixou
Para também deixar levar-se...





quinta-feira, 8 de maio de 2014

Não existem românticos céticos

Uma vez mergulhado em meus pensamentos
Temi o pior
Temi meu afogamento,
Porém do fundo de minhas reflexões
Emergi
Para recordar as palavras que um dia me disseste:
“Não existem românticos céticos”
Por que me apeguei tanto a isto?
Tal era o efeito dessa sentença
Que mal podia me conter
Depois de muito duvidar
Agora eu me flagrava pela primeira vez
Sem saber em que acreditar.
Pensei nas palavras do poeta que dizia:
“o amor faz acreditar-se até no que se duvida”
Apeguei-me a isto também
Para ter certeza do que eu já sabia
E no fim das contas ter em que acreditar:
Além de não haver românticos céticos
Não há perguntas sem respostas
Nem tempo certo para se amar...



quarta-feira, 23 de abril de 2014

Não quero outra memória

Que as bocas explodam em um beijo
Quando as palavras não mais se fizerem necessárias
E o encontro de nossas bocas nos poupe de falar
O que o coração já sabe de cor.
Que as bocas explodam em um beijo
Em um beijo carinhoso
E um olhar de até logo
Que a poesia, além de inspiração
Seja memória do mais sublime acontecimento.
Que a tua respiração ofegante encontre na minha
A mais perfeita sintonia,
Que o teu olhar encontre abrigo no meu
Como eu encontro o paraíso em teu colo,
Que a nossa canção de despedida
Possa tocar inúmeras vezes em nossos reencontros,
Para que possamos eternamente
Física e espiritualmente
Devorarmos um ao outro.


segunda-feira, 21 de abril de 2014

Eu queria que pra sempre fosse hoje
Que se eternizasse a paixão
Que eu morasse em teu beijo
Que o mundo parasse de girar
Quando tu estivesses em meus braços
Que o único som que eu ouvisse
Fosse a tua voz sussurrando em meu ouvido
Que a tua mão não largasse jamais a minha
Eu queria que pra sempre fosse hoje
Pra eu nunca esquecer de ti.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Se depender de mim

Se depender de mim
Não hei jamais de beijar outros olhos
Nem tampouco desejar outra lua cheia
Que não seja a que nos ilumina,
Se depender de mim
Não hei jamais de tocar outro rosto
Nem tampouco desejar outra boca
Que não pertençam a ti,
Se depender de mim
Não hei jamais de buscar outro caminho
Que não seja o que me leva aos teus braços
Nem tampouco desejar outros sinais
Que não sejam os do teu corpo,
Se depender de mim
A cada despedida
Para sempre teu nome será amor
E o meu saudade.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Como eu queria

Eu queria poder descrever o que sinto
Caso eu achasse as palavras corretas,
Eu queria demonstrar-te quem sou,
Caso fosse do teu interesse,
Eu queria matar a ansiedade
Bem como tu me maltratas de saudade,
Eu queria que desistisses de entender
O que eu desisti de lutar contra,
Eu queria que aceitasses o meu amor
Como eu aceitei ser teu – sem resistência,
Eu queria por um momento
Que tu esquecesses o mundo
E te permitisse ser só minha,
Ah, como eu queria! 

terça-feira, 15 de abril de 2014

Epifania [s]

Ainda que se sonhe acordado
A epifania nem sempre é real,
Pois que teoricamente
A práxis será igualmente diferente.
Nossas paixões se apresentam como ácido
Ora sulfúrico,
Ora lisérgico,
Se não nos corroem
Alucinam-nos,
Quanto ao efeito
[Ou ao dano
Ou ao defeito]
Pouco tem a se fazer
E nessa fonte
Sempre se há de beber.
Do caos do nosso hodierno
Fazemos brotar a nossa poesia,
Da complexidade dos sentimentos
Inexplicáveis manias
E do fervor de nossas paixões
Mais de mil epifanias...

domingo, 13 de abril de 2014

Das memórias de tempos idos
Resgatei o que a força dos minutos
Não permitiu que se perdesse no ar
Do teu perfume impregnado em mim
Relembrei o que o coração
Negar-se-ia a aceitar
O aroma da primavera
Pouca fragrância representa
Diante do cheiro que teu corpo deixou no meu
Os meus sentidos pouco têm a oferecer
Frente à resistência que eu não consigo exercer...
Meu mundo sem ti
É insalubre como um mar doce e poluído
Meus passos sem rumo
Procuram o teu endereço
Ainda que eu não te adivinhe,
Por onde andas eu já não consigo
- mais precisar
Por onde te escondes
Quando o que eu preciso é te encontrar!?
A tua ausência maltrata
Como o beijo com que despedes
Sem me dar prazer
Tua falta me preenche
Como a pólvora que me faz morrer,
Sem sentido
Eu persigo algo por que me notes
Na ânsia de ser teu um dia
Ou pelo menos um segundo...








quinta-feira, 10 de abril de 2014

O grande momento

O ócio – meu inimigo,
Insone me mantém
Com pensamentos tardios
Que já passam da hora
E que me fazem refém [...]
Do descaso
Do acaso
E até do pouco caso
Que insistes em fazer do meu sofrer;
O teu verbo soa intransitivo
Ante o meu penar
E o meu verso ora agonizante
Pouco rima sem o teu sorriso
Que recusas a me dar.
Doravante,
A p o e s i a
Há de salvar-me do tormento,
Mas no dia em que formos um só
E tão somente a partir desse momento...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tal fosse uma sinfonia
A tua voz reverbera em meu pensamento
A ponto de eu sequer ouvir o canto dos pássaros em minha janela
E a lembrança do teu rosto me marca
Como um ferro incandescente ao tocar a pele
E me causa d o r.
A memória que eu carrego
É deveras frágil e te necessita
A todo instante para que a renoves;
O toque da tua mão fere
E a minh’alma sangra
A cada despedida tua.
Por que não estás aqui comigo?
Por que não me deixas dormir?
Preciso de ti como os deuses precisam dos homens...
O vazio que me assola
Só encontra paz nos teus braços
O sentido que me falta
Só teu beijo abriga,
Eternamente repetir-lhe-ia o meu amor
Se preciso fosse
E o teu nome para sempre ecoaria em meus sonhos
Tal qual a sinfonia.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sem direção

Na direção em que eu viajava
Parecia não haver luz
A direção que eu buscava
Parecia não haver ponto de chegada
Mas eu caminhava...
Sonhando encontrar o meu destino
No entanto,
Na contramão dos meus sonhos
Eu encontrei você
E desde então
Prefiro estar acordado
Mesmo sem saber a direção...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Memórias

Com a angústia de uma memória cega
Só consigo enxergar o futuro
Ainda que com a visão turva
Da alegria incerta;
Busco a palavra certa
Que a musa quer ouvir
Se a descubro não revelo ao mundo
Só à minha poesia
Fonte dos mistérios e refúgio de minhas loucuras,
Como os adágios pobres de outrora
Que sustentavam a minha filosofia,
E hoje não passam de palavras ao vento
E de lembranças que eu não recordo mais...





segunda-feira, 31 de março de 2014

La Fontana

A fonte dos meus sonhos
Sempre foi um ponto cego
Um objeto em queda livre
Um pássaro ébrio
Voando em direção a um alvo móvel;
A fonte dos meus sonhos
Sempre esteve perdida por aí
Entre caminhos que não percorri
Em momentos que não vivenciei,
Porém no dia em que te percebi
Descobri que em teu olhar despretensioso
Escondia-se la Fontana di Trevi
Que abrigava todos os meus desejos
E que a fonte dos meus sonhos
Nunca haveria de secar...




sábado, 29 de março de 2014

A saudade é como a página em branco
Que me assusta
E não mata o desejo;
E a lágrima fria como a noite
Distante
Frígida, errante...
Desnorteia-me
E me entristece
Como o pôr-do-sol que se recusa a ser belo.
Quando a sorte resolveu mostrar os dentes
Não sabia se estava a sorrir
Ou a querer me devorar,
Quando a vida resolveu abrir meus olhos
Eu já havia te perdido de vista...

quarta-feira, 26 de março de 2014

Instante


Há instantes que duram segundos
Mas que desejamos por eternidades,
Há instantes que permeiam o meu mundo
Em momentos que me atrevo à poesia,
Há instantes em que te percebo
Como a primeira metade que me falta,
Há instantes em que fulguras livremente
Em meus pensamentos apoteóticos,
Há instantes...
Ahh, instantes...
Em que tempo estarás comigo?






terça-feira, 25 de março de 2014

Um apelo

Um paraíso ainda sem nome
Uma extensão não mensurada
Uma lua que se esconde em eclipse
Diante da tua face perfeita
Como a orquídea que floresce
Ao secar da árvore...
O que tens tu a esconder do mundo?
Para onde vais senão ao meu encontro?
Não quero estar em paz
Sê o meu desassossego
A minha primavera sem flor
Sê minha algoz
Meu descontentamento
Só não me deixe de canto
Nem habitar em teu esquecimento.





terça-feira, 18 de março de 2014

Seus olhos

Esses olhos grandes que intimidam,
Por vezes cinicamente me convidam
Para passear não sei por onde
E para acredita-los nem sei por que...
Esses mesmos olhos grandes
Que eu não sei dizer
De que cor eles são
Ou pra onde querem me levar
São os mesmos que me fazem acreditar
Que até mesmo sei saber aonde ir
Um dia - neles,
Eu hei de me encontrar.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Quando as palavras me faltam


As mãos estão trêmulas e as palavras me faltam
O ar que eu exibo exala desespero
Minhas alegrias de outrora
Agora a esperança fagocitam...
Muito embora dela ainda reste um lampejo de luz,
Postumamente minhas memórias habitam um passado desconhecido
E os pés caminham em direção a lugar nenhum.
As mãos tremulam sem as palavras
O ar pouco exala
Minhas alegrias
Agora fagocitam
Minhas memórias postumamente desconhecidas
E os pés ainda caminham...
E as palavras me faltam.

sábado, 15 de março de 2014

Quem sabe


Ou está todo mundo doente
Ou minha percepção de mundo é diferente...
Ou está todo mundo louco
Ou o amor nesse mundo ainda é muito pouco...
Ou está todo mundo a mercê
Ou serei eu o único sem saber o que fazer?
Ou está todo mundo a esmo,
Ou serei eu o único a não ser mais o mesmo...
Ou está todo mundo certo
E quem sabe eu não esteja também!?
Quem sabe aquela ideia que me prende
Ainda será o veneno que me salvará,
Quem sabe o amor que me renegas
Seja o motivo por que te acabes...
Quem sabe esse eterno fingimento
Esconda o mais terno sentimento,
Quem sabe eu te encontre onde não me queiras
Para provar para o mundo
Que talvez ele esteja certo
E quem sabe eu não esteja tão bem...