domingo, 25 de fevereiro de 2018

Como poderei inventar-te outro nome?

Despedir-se
às vezes
é como morrer
por alguns instantes,
pois a saudade
é como a morte
de uma criança
- eterna e dolorida;
quando o amor
ao outro amor
já não corresponde
mas acontece que eu
acostumei chamar-te
Meu amor,
como poderei inventar-te
outro nome?

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Já disse hoje que eu te amo?

Amor,

Quando o mundo inteiro
se traduz num beijo
este mesmo mundo se expande
em amor;

Amor,

Eu te enxergo com olhos de turista
que a cada olhar novo
sobre os teus cantos
veem inédita beleza
e inúmeros encantos;

Amor,

O sonho do poeta é a eternidade
da verdade de seus versos;

Amor,

Em minha poesia
nosso amor já é eterno.

E no futuro
quando o espelho da vida
enferrujado
revelar a que tempo
nos encontramos
encostaremos nossos rostos enrugados
um no outro
e eu direi:

Já disse hoje que eu te amo?

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Pequenos versos quase poemas para as ruas de São Luís ou Poema de Sete Faces maranhense

Para Giovana Kury

I-

Na Rua do Egito não há faraós
apenas faróis
de carros que não respeitam tempo
                                                          [espaço
nem presente nem futuro
tampouco o passado,
assim como na Rua dos Afogados
onde se morre,
mas é de sede, de fome
ou à luz do dia
tomado de assalto.

II-

Na Rua do Giz
escrevi uma poesia
na parede
era um só verso
que dizia:
Tenho sede!

III-

Na Rua da Estrela
um céu havia
mais melancólico
do que deveria
seria dia de saudade
e eu - aos poucos
saberia.

IV-

Na Rua do Sol
há um sol
para cada um
que a uns poucos ilumina
e a tantos outros castiga,
porque o falso brilho
da exausta rotina
só alegra o dia daqueles
a quem se enriquece...

E aos que se entristecem
há muitas saídas:
vielas becos ladeiras
e avenidas
que vão dar no mar
assim como a saudade
que reflete em meus olhos
o por do sol da Beira-Mar.

V-

Na Rua da Palma
por um instante
eu me perdi
quando olhei no horizonte
e não te vi
então caminhei
até localizar
na Rua da Saúde
o beco
onde o meu coração
resolveu se encontrar.

VI -

Na Rua da Paz
eu perdi o meu sossego
pensando em demasia
nos problemas da vida
sobressaltei-me
como quem acorda de um sono tardego;
caminhei até a João Lisboa
buscando a quietude recuperar
vi um uma folha voar e cair
vi vários pombos a pousar
a tarde já ia caindo
e eu mal vi o tempo passar,
dessa vez o susto que eu tomei
foi um susto bom
daquele que o dia fora chamado de poesia
pelo poeta Ferreira Gullar.


VII -

Na Rua Portugal
sob a luz da lua
sobe um desejo (em mim)
de na esquina
minha voz num sussurro
encontrar com a tua
eu não devia te dizer
mas essa rua
mas esse sotaque
botam a gente comovido como quê.