Dia perfeito

Experimentei o gosto do paraíso

Nos segundos eternos do teu beijo,

Descobri que a fragrância da vida

Está contida dentro do frasco

Que contém o teu cheiro.

O cheiro que confunde os meus sentidos

E que está grudado no meu travesseiro.

Te amar é uma tarefa tão fácil

Quanto torcer para quem já está ganhando,

E quem mais seria o vencedor senão eu?

Eu que te amo sem pressa, sem medo

Minha musa, minha inspiração

Meu dia perfeito! 

Sonho de um poeta

Flagro-me relembrando o teu rosto...

Será imaginação o canto

Que eu ouço no sussurrar da tua voz?

Será realidade o deserto

 Que me separa dos teus braços?

Com que ímpeto invadiste a minha vida

E não deixaste sequer escolha,

Que destino doce e cruel esse de te amar,

E a poesia; fonte inexaurível

Chora as mágoas desse sonho,

Sonho meu mais que perfeito,

Sonho de amor mais que possível. 

Soneto do teu olhar

Busco sempre no teu olhar a contrição,

Na insistente ausência tua, o avesso;

A gênese do meu sorriso, teu perdão,

Na tua fronte, todo o meu apreço.

Tua beleza que não permite sinônimos,

O meu amor que não aceita a saudade...

Paraíso e teus olhos: pseudônimo;

A minha boca em tua boca; eternidade.

Teus olhos amarelos são campos de flores

Onde eu me perco em tanto idílios.

Tu és o único horizonte que desejo,

Tu, o maior de todos os amores,

Em meio a todos meus delírios

És o futuro em que me vejo.

Dor

Dor da perda,

Dor da partida,

Dor de amor,

Dor da incerteza,

Muitas dores, poucas cores.

Dor da guerra,

Dor do corte,

Dor da luta,

Dor da morte,

Muitas dores, pouca calma.

Só não existe remédio

Para as dores da alma.

Canção de amor e aliteração

Meu coração está entregue a ti,
Faz dele o que quiseres,
Minha vida vivo por ti,
Tu, a mais linda flor dentre as mulheres...
Minha adoração só se dá por ti,
Tu, minha única deusa de cabelos encaracolados,
Minha força encontro em ti,
Só na tua boca eu sei o que é ser amado.
Como poeta que não sabe cantar
Passarei a vida entoando a ti, minha flor.
Só a ti, que eu sei amar.
Só a ti, que é meu amor.

Inalcançável

Tento alcançar-te como Ícaro

Que tentou alcançar o sol,

Mas quando de ti me aproximo

Começo a derreter...

O teu calor me repele, e me atrai,

O teu brilho me intimida, e me fascina.

Tento alcançar-te como o homem

Que tentou alcançar a lua,

Mas a química do teu corpo

Não me permite fincar os pés no chão...

Então eu flutuo tentando tocar-te

Mas tudo isso não passa de ilusão.

Tento alcançar-te como um caçador

Que tenta alcançar a sua caça...

Permaneço nessa incessante perseguição,

Mas minhas investiduras já não têm mais graça...

Já começo a acostumar-me à solidão.

Tento alcançar-te para quem sabe

Derrubar-te deste pedestal

Que eu mesmo te coloquei,

Mas minhas mãos já não chegam tão alto...

Chegar perto de ti já se tornou improvável

Por mais que eu ainda te queira...

Continuas, para mim, inalcançável.

Princípio da incerteza

Da certeza indubitável
Que me corroi
Eu fujo. 
Da incerteza
Inevitável
Que me destroi
Eu corro.
Com a certeza
De nada saber,
A dúvida se torna um alento
Em forma de esperança
Que permeia 
Todo o sentimento.

Iemanjá: sereia, Rainha do mar

Filha de Olokun,

Tornou-se a grande Rainha do mar

Abençoando seus filhos peixes,

Coroando a tradição Iorubá.

Teu trono, rio Ògún,

Tu que és filha de Olokun

E mãe de todos nós...

Filhos de África,

Ondas do mar

Que batem sem saber

Onde vão parar.

Me visto de branco

Pra te pedir proteção

A ti, mais poderosa

De todos os orixás.

A ti, Iemanjá,

Sereia e Rainha do mar.

De repente

Despretensiosamente,

Como um gole de conhaque

Numa tarde de um sol já findo,

Miro o teu traje branco,

Muito embora tímido,

Já me sinto bem vindo.

Constantemente,

Presto atenção aos teus detalhes...

Fazes pouco caso da metafísica

Mas se entrega aos prazeres da arte.

Cuidadosamente,

Te mostro todo o meu zelo,

Desejo tocar a tua pele,

Desejo me prender nos teus cabelos...

Enquanto o nosso momento não chega

Sigo à toa...

 Ao som de um bolero, e,

Ansiosamente,

Te espero.