domingo, 28 de outubro de 2018

O sangue que escorre em suas mãos

Se a minha dor não te incomoda
eu digo: sai fora!
Se o meu amor para ti não é afeto
dizes: detesto!
Mas o que tens a ver com isso, eu te pergunto
o amor não tem defeito
e tudo que tu me deves
é o mínimo de respeito.
Se a minha angústia
(só porque existo)
não te incomoda
eu grito: sai fora!
Se para ti justiça social
é esmola
eu digo: hipócrita!
Pois o que tu defendes em tua divina obra
é exatamente o oposto do que pregou teu Deus
Como podem marchar ao lado dos vendilhões do templo?
Ai de vós, fariseus!
Meu coração é vermelho
e nessa luta sangra
com os golpes que desferes em meus irmãos.
Cuidado quando colocares a mão na consciência
para não sujar teu rosto
com o sangue que escorre em tuas mãos.


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Tua pele, meu apelo

À flor da pele
a tua pele me chama,
é um apelo!
Como o ipê
no início da primavera
que se despetala
e me espalha
como folhas em canteiro
ou um grito surdo de desejo
que sem tua presença
se cala!

À flor da pele
a tua pele me chama,
é um apelo!
Como os lírios
anunciando a chegada
do verão
levando os amantes
ao delírio
e à reconciliação.

À flor da pele
a tua pele me chama,
é um apelo!
Como a orquídea
no inverno
que busca o alimento
sobre as árvores
e alimenta-se de sua luz
eu te clamo em minha poesia
exaltando tua beleza
que me seduz.

À flor da pele
a tua pele me chama,
é um apelo!
Como as folhas
que perecem no outono
a despeito da nossa vontade
eu maldigo a distância
que nos separa
enquanto te espero
com saudade.