quarta-feira, 16 de abril de 2014

Como eu queria

Eu queria poder descrever o que sinto
Caso eu achasse as palavras corretas,
Eu queria demonstrar-te quem sou,
Caso fosse do teu interesse,
Eu queria matar a ansiedade
Bem como tu me maltratas de saudade,
Eu queria que desistisses de entender
O que eu desisti de lutar contra,
Eu queria que aceitasses o meu amor
Como eu aceitei ser teu – sem resistência,
Eu queria por um momento
Que tu esquecesses o mundo
E te permitisse ser só minha,
Ah, como eu queria! 

terça-feira, 15 de abril de 2014

Epifania [s]

Ainda que se sonhe acordado
A epifania nem sempre é real,
Pois que teoricamente
A práxis será igualmente diferente.
Nossas paixões se apresentam como ácido
Ora sulfúrico,
Ora lisérgico,
Se não nos corroem
Alucinam-nos,
Quanto ao efeito
[Ou ao dano
Ou ao defeito]
Pouco tem a se fazer
E nessa fonte
Sempre se há de beber.
Do caos do nosso hodierno
Fazemos brotar a nossa poesia,
Da complexidade dos sentimentos
Inexplicáveis manias
E do fervor de nossas paixões
Mais de mil epifanias...

domingo, 13 de abril de 2014

Das memórias de tempos idos
Resgatei o que a força dos minutos
Não permitiu que se perdesse no ar
Do teu perfume impregnado em mim
Relembrei o que o coração
Negar-se-ia a aceitar
O aroma da primavera
Pouca fragrância representa
Diante do cheiro que teu corpo deixou no meu
Os meus sentidos pouco têm a oferecer
Frente à resistência que eu não consigo exercer...
Meu mundo sem ti
É insalubre como um mar doce e poluído
Meus passos sem rumo
Procuram o teu endereço
Ainda que eu não te adivinhe,
Por onde andas eu já não consigo
- mais precisar
Por onde te escondes
Quando o que eu preciso é te encontrar!?
A tua ausência maltrata
Como o beijo com que despedes
Sem me dar prazer
Tua falta me preenche
Como a pólvora que me faz morrer,
Sem sentido
Eu persigo algo por que me notes
Na ânsia de ser teu um dia
Ou pelo menos um segundo...








quinta-feira, 10 de abril de 2014

O grande momento

O ócio – meu inimigo,
Insone me mantém
Com pensamentos tardios
Que já passam da hora
E que me fazem refém [...]
Do descaso
Do acaso
E até do pouco caso
Que insistes em fazer do meu sofrer;
O teu verbo soa intransitivo
Ante o meu penar
E o meu verso ora agonizante
Pouco rima sem o teu sorriso
Que recusas a me dar.
Doravante,
A p o e s i a
Há de salvar-me do tormento,
Mas no dia em que formos um só
E tão somente a partir desse momento...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tal fosse uma sinfonia
A tua voz reverbera em meu pensamento
A ponto de eu sequer ouvir o canto dos pássaros em minha janela
E a lembrança do teu rosto me marca
Como um ferro incandescente ao tocar a pele
E me causa d o r.
A memória que eu carrego
É deveras frágil e te necessita
A todo instante para que a renoves;
O toque da tua mão fere
E a minh’alma sangra
A cada despedida tua.
Por que não estás aqui comigo?
Por que não me deixas dormir?
Preciso de ti como os deuses precisam dos homens...
O vazio que me assola
Só encontra paz nos teus braços
O sentido que me falta
Só teu beijo abriga,
Eternamente repetir-lhe-ia o meu amor
Se preciso fosse
E o teu nome para sempre ecoaria em meus sonhos
Tal qual a sinfonia.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sem direção

Na direção em que eu viajava
Parecia não haver luz
A direção que eu buscava
Parecia não haver ponto de chegada
Mas eu caminhava...
Sonhando encontrar o meu destino
No entanto,
Na contramão dos meus sonhos
Eu encontrei você
E desde então
Prefiro estar acordado
Mesmo sem saber a direção...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Memórias

Com a angústia de uma memória cega
Só consigo enxergar o futuro
Ainda que com a visão turva
Da alegria incerta;
Busco a palavra certa
Que a musa quer ouvir
Se a descubro não revelo ao mundo
Só à minha poesia
Fonte dos mistérios e refúgio de minhas loucuras,
Como os adágios pobres de outrora
Que sustentavam a minha filosofia,
E hoje não passam de palavras ao vento
E de lembranças que eu não recordo mais...





segunda-feira, 31 de março de 2014

La Fontana

A fonte dos meus sonhos
Sempre foi um ponto cego
Um objeto em queda livre
Um pássaro ébrio
Voando em direção a um alvo móvel;
A fonte dos meus sonhos
Sempre esteve perdida por aí
Entre caminhos que não percorri
Em momentos que não vivenciei,
Porém no dia em que te percebi
Descobri que em teu olhar despretensioso
Escondia-se la Fontana di Trevi
Que abrigava todos os meus desejos
E que a fonte dos meus sonhos
Nunca haveria de secar...




sábado, 29 de março de 2014

A saudade é como a página em branco
Que me assusta
E não mata o desejo;
E a lágrima fria como a noite
Distante
Frígida, errante...
Desnorteia-me
E me entristece
Como o pôr-do-sol que se recusa a ser belo.
Quando a sorte resolveu mostrar os dentes
Não sabia se estava a sorrir
Ou a querer me devorar,
Quando a vida resolveu abrir meus olhos
Eu já havia te perdido de vista...

quarta-feira, 26 de março de 2014

Instante


Há instantes que duram segundos
Mas que desejamos por eternidades,
Há instantes que permeiam o meu mundo
Em momentos que me atrevo à poesia,
Há instantes em que te percebo
Como a primeira metade que me falta,
Há instantes em que fulguras livremente
Em meus pensamentos apoteóticos,
Há instantes...
Ahh, instantes...
Em que tempo estarás comigo?






terça-feira, 25 de março de 2014

Um apelo

Um paraíso ainda sem nome
Uma extensão não mensurada
Uma lua que se esconde em eclipse
Diante da tua face perfeita
Como a orquídea que floresce
Ao secar da árvore...
O que tens tu a esconder do mundo?
Para onde vais senão ao meu encontro?
Não quero estar em paz
Sê o meu desassossego
A minha primavera sem flor
Sê minha algoz
Meu descontentamento
Só não me deixe de canto
Nem habitar em teu esquecimento.





terça-feira, 18 de março de 2014

Seus olhos

Esses olhos grandes que intimidam,
Por vezes cinicamente me convidam
Para passear não sei por onde
E para acredita-los nem sei por que...
Esses mesmos olhos grandes
Que eu não sei dizer
De que cor eles são
Ou pra onde querem me levar
São os mesmos que me fazem acreditar
Que até mesmo sei saber aonde ir
Um dia - neles,
Eu hei de me encontrar.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Quando as palavras me faltam


As mãos estão trêmulas e as palavras me faltam
O ar que eu exibo exala desespero
Minhas alegrias de outrora
Agora a esperança fagocitam...
Muito embora dela ainda reste um lampejo de luz,
Postumamente minhas memórias habitam um passado desconhecido
E os pés caminham em direção a lugar nenhum.
As mãos tremulam sem as palavras
O ar pouco exala
Minhas alegrias
Agora fagocitam
Minhas memórias postumamente desconhecidas
E os pés ainda caminham...
E as palavras me faltam.

sábado, 15 de março de 2014

Quem sabe


Ou está todo mundo doente
Ou minha percepção de mundo é diferente...
Ou está todo mundo louco
Ou o amor nesse mundo ainda é muito pouco...
Ou está todo mundo a mercê
Ou serei eu o único sem saber o que fazer?
Ou está todo mundo a esmo,
Ou serei eu o único a não ser mais o mesmo...
Ou está todo mundo certo
E quem sabe eu não esteja também!?
Quem sabe aquela ideia que me prende
Ainda será o veneno que me salvará,
Quem sabe o amor que me renegas
Seja o motivo por que te acabes...
Quem sabe esse eterno fingimento
Esconda o mais terno sentimento,
Quem sabe eu te encontre onde não me queiras
Para provar para o mundo
Que talvez ele esteja certo
E quem sabe eu não esteja tão bem...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sobre você e a razão

Nem sempre olhar para o mar é garantia de calmaria. Às vezes o que deveria te acalmar é justamente o que tira o teu sono, o sorriso que outrora inspiraria, agora é o motivo do teu bloqueio, as curvas desse mesmo sorriso são as que te fazem perder a direção... Antes de tu existires eu não sabia o que era razão, agora que tu apareceste eu aprendi que ela não existe. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

É tão difícil te esquecer
Quando o ar que eu respiro
Tem o teu cheiro.
É tão difícil te prender
Quando o alcance das minhas mãos
Só toca o vazio...
É tão difícil viver
Sabendo que a qualquer momento
Eu posso te encontrar...
É tão difícil sonhar
Quando mesmo inconsciente
Tua presença me intimida...
Mas quando o ar que eu respiro
Tem o teu cheiro
O mundo parece melhor
Quando minhas mãos estão no vazio
É a ti que procuram
Quando em sonho te percebo
Tua ausência me intimida
Quando o ar que eu respiro
Tem o teu cheiro
É tão fácil te amar.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Não há justiça no amor
Não é disso que ele é feito
Não é disso que o mundo é feito
Não há poesia na espera
Só há angústia na espera
E exaspero...
Não há compensação no amor
Não é para isso que ele existe
Só há presente
Só há pressa
E desespero...
Não há motivos no amor
Não é disso que ele é feito
Não há destino
Nem por acasos...
Não há sorte no jogo
Nem justiça no amor.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Anjos da guarda

Assim deu-se o encanto:
Sem fazer nada
Ela apareceu na minha frente
Logo que meu anjo da guarda cochilou
Ela tomou o seu lugar.
Assim deu-se o espanto:
Antes que ela fosse minha
O anjo da guarda me abandonou
E ela também foi-se.


Odeio


Odeio quando o tempo me arrasta
Mas não me leva para perto de ti
Odeio quando a brisa sopra o meu ouvido
E eu não ouço a tua voz;
Odeio quando me encaras
Mesmo que não saibas.
Teu olhar me domina
Mesmo que não me vejas;
Eu odeio não perder a esperança
Porque mesmo que eu perca o caminho
Um dia talvez eu entenda:
O amor faz acreditar-se
Até no que se duvida!