quarta-feira, 3 de julho de 2019

Pequenos versos quase poemas para as ruas de São Luís ou Poema de Sete Faces maranhense

Para Giovana Kury

I-

Na Rua do Egito não há faraós
apenas faróis
de carros que não respeitam tempo
                                                          [espaço
nem presente nem futuro
tampouco o passado,
assim como na Rua dos Afogados
onde se morre,
mas é de sede, de fome
ou à luz do dia
tomado de assalto.

II-

Na Rua do Giz
escrevi uma poesia
na parede
era um só verso
que dizia:
Tenho sede!

III-

Na Rua da Estrela
um céu havia
mais melancólico
do que deveria
seria dia de saudade
e eu - aos poucos
saberia.

IV-

Na Rua do Sol
há um sol
para cada um
que a uns poucos ilumina
e a tantos outros castiga,
porque o falso brilho
da exausta rotina
só alegra o dia daqueles
a quem se enriquece...

E aos que se entristecem
há muitas saídas:
vielas becos ladeiras
e avenidas
que vão dar no mar
assim como a saudade
que reflete em meus olhos
o pôr do sol da Beira-Mar.

V-

Na Rua da Palma
por um instante
eu me perdi
quando olhei no horizonte
e não te vi
então caminhei
até localizar
na Rua da Saúde
o beco
onde o meu coração
resolveu se encontrar.

VI -

Na Rua da Paz
eu perdi o meu sossego
pensando em demasia
nos problemas da vida
sobressaltei-me
como quem acorda de um sono tardego;
caminhei até a João Lisboa
buscando a quietude recuperar
vi uma folha voar e cair
vi vários pombos a pousar
e os sinos da Igreja do Carmo a badalar;
a tarde já se avançava a ir embora
e eu mal vi o tempo passar,
dessa vez o susto que eu tomei
foi um susto bom
daquele que se faz suspirar
e que um dia fora chamado de poesia
pelo poeta Ferreira Gullar.

VII -

Na Rua Portugal
sob a luz da lua
sobe um desejo (em mim)
de na esquina
minha voz num sussurro
encontrar com a tua
eu não devia te dizer
mas essa rua
mas esse sotaque
botam a gente comovido como quê.



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